segunda-feira, 28 de abril de 2014

Fôlego



Alyssa Monks


Eu sou de carne, osso
e amor...

o amor
Que está no cheiro das manhãs
que me levam de volta à meninice
quando o amor ainda tinha aroma de leite fresco.

O amor que move 
a busca
a busca que move 
o amor




Eu sou de carne,
a carne que dói

quando você vai embora
e nem sabe que foi.

Seja 

e você
nunca irá

Abrace-me
Beije-me
Pois eu sou feita de amor

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Frenesi



brunoturno.blogspot.com

 As gotas fazem música no telhado. A chuva rala brinca com o céu;
Há cheiro de queimado no ar, da fumaça que pairou pela manhã.

Já são mais de 18h. A voz branda que atravessa o fone de ouvido faz cócegas na alma.
Estou embaralhada. A voz macia sussurra: "I don't know, no I don't know anymore."
 
E eu, eu também não sei...
Não sei o que quero, mas eu quero.

Meu amor, que horas você vai chegar? Passar a chave na porta e
narrar com detalhes as horas passadas?

Que horas faremos juntos as horas seguintes?

Você chegará?

Eu não sei, eu não sei mais
só quero largar esta xícara,

E sair...para ser o que eu ainda posso.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Ímpeto













Não vejo a hora de soltar meus balões coloridos,
de vê-los dançando na imensidão acima de nós.

 

Não vejo a hora de brincar de ciranda com as palavras
ao invés de tentar lutar contra elas. Já não quero ter que arrumá-las.

Anseio vê-las ilegíveis, soltas - como fios de cabelo que se espalham ao vento.

Preciso andar descalça, na areia, no molhado,
nas pedras da minha rua...sentir a textura da vida

sob pálidos pés.

Quero voltar e ir. Ir sem voltar.
Voltar sem sair.

Quero o sol a visitar o meu rosto.

E outro rosto a tocar no meu.

Quero voar sem nem me mover. 

Gargalhar.

Simplesmente me perder para me encontrar.


Já sei o que quero.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Flor no Asfalto


















- Olha, uma flor de plástico!

Deitada entre listras, no chão endurecido, bebendo da chuva. 
Tão viva quanto minha pele recebendo o frio.


 Flor?!


Quem foi capaz de te enxergar, entre pés correndo? 

Agradeço aos olhos que te perceberam e aos ouvidos que me captaram.

Fora eu aquela planta, momentos antes, envolta em plástico, para conservação - pensei, debaixo da sombrinha, fugindo da chuva, sem notar que eu já estava embebida.


Noite cinza, fria, úmida. Bonita.


terça-feira, 23 de abril de 2013

Eterno


nozomi.zip.net

É...

Às vezes a vida fica tão dispersa...como as leves folhas douradas que costumam visitar meu quintal. Algumas delas vêm de outros tempos, de galhos longínquos, de ares remotos, e por aqui ficam.

E deixam tudo tão ordenadamente bagunçado que não entendo! E é para entender? Ordem no caos.

Até que vem o vento, canta forte e arrasta certas folhas ao infinito. O mesmo vento que balança a saia da menina que dança sem caber no próprio corpo.

Algumas de minhas folhas se foram e eu nem vi.

Sem escolha, elas se dissipam no ar. Não tenho a mínima ideia de onde irão parar. Mas se fecho os olhos, ainda é possível ver suas lâminas secas e ouvir a música que fazem sob meus pés, dizendo que existem. Até nem ser preciso mais fechar os olhos. Para mim, ainda estão no quintal, misturando-se às que chegam.

Talvez, as leves folhas douradas permanecessem enfeitando o meu chão de terra. Se não tivesse vento, se não tivesse dança.

Mas quero ver tua saia rodar.


segunda-feira, 11 de março de 2013

Estação

mensagensdiarias.wordpress.com













O tempo passa,
gira

E, algumas vezes
parece que o mundo vai desabar,
bem em cima de nós,

Então, corremos para nos proteger,
da forma que seja

Mas, ainda que alguns estilhaços nos atinjam
Mesmo assim estamos de pé, para o próximo movimento
O tempo passa

E, no entanto,
quase sempre 
pensamos

que ainda somos
a criança andando de bicicleta,
do tempo em que o mal nem sonhava em nascer

Outras vezes
a vida parece nos aninhar
Dando-nos braços, de pessoas amáveis
Sorrisos de árduas conquistas

Ou, ainda, brindando-nos com a tristeza,
da qual precisamos para a superação
Para as tentativas

Sabemos que o tempo passa
E as peças mudam no tabuleiro
E mudou para nós

Estamos mais perto
do que em qualquer passado
Porque assim quis
o afeto

E eu espero ser a mão que ajuda
e  a palavra que incentiva
o próximo passo.

Pra você...
Desejo a brisa
do tempo passando...
Desejo o infinito

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Caleidoscópio

http://portal.rac.com.br



Eu te vi por dentro,
por alguns poucos minutos,
e logo os meus olhos se encheram de cor

Que grandioso cenário,
Tuas palavras montaram
diante de mim.


O dia ficou adornado,
brilhante, vivo.

E o colorido
no meu rosto
realçado por tuas mãos gentis
Fez-me ver

Que a vida surpreende
na singeleza,

E que podemos retocá-la,
realçá-la, acendê-la.
Com inesperados momentos.


Eu te olhei por dentro
e vi belas combinações
de tons.

Pequenos gestos de
nobre amizade.

Obra de arte.
Foi bonito!